terça-feira, 6 de maio de 2008

Comissão Europeia aprova talidomida para tratamento do mieloma múltiplo

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A Comissão Europeia acaba de aprovar a talidomida (Thalidomide Pharmion®) para o tratamento de doentes com mieloma múltiplo diagnosticado de novo, em combinação com o melfalano e a prednisona. Trata-se de uma terapêutica oral que demonstrou aumentar a sobrevivência dos doentes com mieloma múltiplo.
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Em Junho de 2007, a mesma Comissão autorizou a lenalidomida, como a primeira terapêutica oral, em mais de quarenta anos, para o tratamento, em segunda linha terapêutica, de doentes com mieloma múltiplo. Ambos os fármacos pertencem à família de compostos designados por imunomoduladores “IMiDs®” que são produtos da investigação e desenvolvimento da Celgene Corporation, companhia norte-americana dedicada à investigação na área da oncologia e doenças inflamatórias. Os efeitos farmacológicos dos “IMiDs®” influenciam diversos mecanismos fisiopatológicos que levam ao desenvolvimento de muitas situações oncológicas, nomeadamente do mieloma múltiplo. Baseado neste fundamento, grupos de especialistas em oncologia internacionalmente reconhecidos, conduziram um programa de estudos clínicos abrangente para identificar o impacto destes medicamentos na modificação do prognóstico do mieloma múltiplo. Nestes estudos, demonstrou-se que a associação de talidomida ao melfalano e prednisona aumentou a taxa de respostas e o tempo mediano de sobrevida em doentes que não tinham recebido qualquer tratamento para o seu mieloma.
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A talidomida é um medicamento que ficou conhecido na história da medicina pela sua acção teratogénica tendo sido responsável por mal formações congénitas devastadoras na década de 50/60 do século passado, quando este medicamento era utilizado como sedativo e tratamento de náuseas e vómitos da gravidez. Assim, a Comissão Europeia, ao aprovar este medicamento devido aos benefícios indiscutíveis demonstrados mais recentemente nos estudos clínicos de longa duração em doentes com mieloma múltiplo, impôs como condição para a comercialização da talidomida, a implementação de um programa de prevenção da gravidez que deve ser aprovado pelas autoridades de cada estado membro.
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O mieloma múltiplo, cuja causa é desconhecida, é uma doença oncológica incurável e a segunda neoplasia hematológica mais diagnosticada. Dentro dos factores de risco mais importantes para o seu desenvolvimento, contam-se a idade, a exposição a determinados produtos químicos, e alterações do sistema imunitário. O diagnóstico desta doença é complexo uma vez que os sintomas não são específicos e podem ser facilmente atribuíveis a outras doenças.
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De acordo com a “International Myeloma Foundation” , existem em todo o mundo mais de 750 mil doentes que sofrem desta patologia. Na Europa, os dados indicam que mais de 85 mil homens e mulheres estão presentemente em tratamento para o mieloma múltiplo e estima-se que 25 mil indivíduos venham a morrer desta patologia ao longo deste ano. (Farmacia.com.pt)

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